Irmãos mostram na prática a vantagem de comprar presentes de Natal apenas em janeiro!

Comprar presentes em janeiro pode ser opção para economizar
 HÁBITOS DIFERENTES

Preços costumam subir em dezembro e voltam ao normal no mês seguinte.
Irmãos de Olinda têm hábitos diferentes quando o assunto é gastar dinheiro.


Sérgio vai começar o ano pensando em como pagar os
presentes, enquanto o irmão, Ruan, vai aproveitar as
promoções
Comprar presentes para toda a família faz parte da tradição natalina. No entanto, apesar de contar com a renda extra do 13º salário, algumas pessoas preferem deixar para presentear depois das festas. Na família do gerente e estudante de logística Ruan Araújo, que mora em Olinda, todos já sabem que o presente dele só vem no ano seguinte. O motivo é a queda dos preços dos produtos em janeiro, quando usualmente acontecem liquidações e as chamadas 'queimas' de estoques.
As brincadeiras na família são frequentes, mas Ruan garante que não o incomodam. "Não é que eu não goste de gastar, mas posso comprar o mesmo presente com um preço muito menor depois. O único que compro em dezembro é o do amigo secreto, porque se não fica muito estranho. Já ouvi muita piadinha, dizendo que dou ‘tchau’ de mão fechada, mas não vou me endividar sem necessidade”, explica Ruan.
De acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do Recife, a expectativa neste fim de ano era de um aumento de 6,5% nas vendas, comparando com o mesmo período do ano passado. Logo após o dia 25 de dezembro, começam as trocas de
presentes em lojas e a circulação de anúncios divulgando a baixa de preço. Porém, os consumidores devem ficar alertas para não serem ludibriados.
“Nessa época de festas, os comerciantes, pelo fato de o mercado estar aquecido com a renda extra do 13º salário, aumentam o preço das mercadorias. Quando é em janeiro, eles voltam ao preço normal. Muitos fazem isso e entram com a campanha de marketing em cima do consumidor afirmando que é promoção”, alerta Diego Braz, advogado Associação de Defesa da Cidadania e do Consumidor (Adeccon) no Recife.
Sérgio parcelou o presente do pai em oito vezes. (Foto: Katherine Coutinho/G1)Sérgio parcelou o presente do pai em oito vezes
As propagandas e o clima de final de ano fizeram com que o irmão de Ruan, o estudante Sérgio Araújo Filho, já tivesse usado todo o limite do cartão de crédito dez dias antes do Natal. Até mesmo para ir para confraternizações entre os amigos, o estudante teve dificuldades. A opção foi por parcelar para tentar arcar com as contas e o salário de estagiário. “O presente do meu pai, por exemplo, eu comprei em oito vezes para poder pagar”, conta.
A situação é comum, principalmente entre os jovens, explica Diego Braz. “Um dos vilões do endividamento no final de ano é o cartão de crédito. As pessoas usam pensando que podem gastar sem preocupação. O cartão deve ser utilizado como emergência ou compra em longo prazo, mas sabendo que no mês seguinte tem essa despesa a mais. O cartão não é uma renda a mais, mas muitos usam como se fosse”, aponta o advogado.
Apesar de deixar para janeiro, onde geralmente são frequentes os anúncios de queimas de estoque, Ruan afirma que continua atento. “Essa história de promoção, você tem que olhar direito, para saber se é mesmo, se tem mudança de preço. Tem gente que se deixa levar. Algo que eles anunciam como promoção às vezes é só o preço normal”, avalia.
Sérgio admite que a tentação é grande quando vê as propagandas das promoções. Pouco antes do Natal, comprou três livros que eram anunciados com preços supostamente reduzidos. “Depois, fui parar e pensar direito, lembrei de já ter visto mais barato em outros locais. Poderia ter deixado para comprar depois”, lamenta.
Preços começam a baixar nos centros de compras após período de festas (Foto: Katherine Coutinho/G1)Preços começam a baixar nos centros de compras após
período de festas 
Se com os jovens a propaganda é um complicador, para as crianças é um estímulo que deve ser observado com cautela pelos pais. “A publicidade infantil é muito importante porque atinge um público muito mais vulnerável do que jovens e adultos. Aquele brinquedo parece fazer e acontecer, quando na verdade não é bem assim, mas a criança, como não entende, vai estar sempre querendo e os pais acabam gastando mais para agradar os filhos”, alerta Diego Braz.
As dívidas de pequeno porte tem crescido em todo o Brasil, segundo o indicador do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). A inadimplência de dívidas de consumidores com valores de até R$ 250 aumentou no mês de novembro e alcançou 33,15% dos registros. “A palavra que tem que existir é planejamento, justamente para evitar essas questões do endividamento. Parcelar em muitas vezes também é um complicador”, aponta o advogado.

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